quinta-feira, 28 de outubro de 2010

6. A guerra judaica e a revolta de Bar Kosba



A população helenística em Cesaréia



A atitude brutal da ocupação romana levou a uma escalada de ódio entre a população judaica, que, em seguida, levou os judeus a buscar proteção junto aos próprios romanos. Chegaram até a dar dinheiro, mas não adiantou. Mesmo assim, o procurador Géssio Floro roubou do Templo dezessete talentos de ouro, em 66 d. C.. Os judeus zombaram dele e Géssio então ficou furioso e mandou saquear a cidade. Depois, ele pediu que os judeus recebessem solenemente as duas coortes. Mas, os soldados romanos não receberam a saudação dos judeus. Isso então desencadeou uma grande ira. Então, rapidamente, ocuparam o Templo; o procurador retirou-se para Cesaréia, e o restante da cidade ficou nas mãos dos revolucionários.

Explosão da revolta



Com estas idas e vindas entre dominados e dominantes, decidiram não mais oferecer sacrifícios diário ao imperador. Em seguida a fortaleza Antônia também é tomada elos judeus. Ficando toda cidade nas mãos dos judeus. Logo depois o sumo sacerdote é assassinado, então os romanos perderam o controle absoluto da situação.
A incumbência de Vespasiano
Com a expulsão era grande o entusiasmo entre os judeus, mas o imperador Nero encarregou Vespasiano de comandar a guerra sobre os judeus. O primeiro ataque aconteceu na Galiléia. Então, os judeus se retiraram para as fortalezas, deixando assim as planícies nas mãos dos romanos. Só depois de quarenta e sete dias sucumbiram. No ano 67 d. C., toda Galiléia se encontrava nas mãos dos Romanos.



A rivalidade entre os zelotas e os bar Gioras


Os zelotas tomaram conta de toda área do Templo. O resta da cidade estava ocupada por Simão Bargiora. Os romanos, por sua vez, aguardavam com calma os acontecimentos. Em 69 d. C., Vespasiano foi proclamador imperador por seu exército; em 70 d. C. Jerusalém foi atacada, guerrilheiros judaicos foram crucificados por soldados romanos. Com a destruição do Templo, os judeus perderam seu centro visível.


Os fariseus se opõem aos saduceus


Em 74 d. C. acabou definitivamente com o resto da resistência, os saduceus foram mortos e prevaleceram os fariseus, o que caracterizou a reconstrução das comunidades judaicas. Com a queda do Templo findou-se o culto sacrifical; a adoração de Deus de Israel continuaria nas sinagogas.
Em Jamnia reuniu-se um novo Sinédrio, onde não mais participavam sacerdotes e anciãos, somente escribas. Os romanos não tocaram nos direitos nem nos privilégios concedidos ao judaísmo. Assim, as sinagogas permaneceram sob a proteção do Estado. O imposto do Templo foi recolhido entre os judeus.


A revolta de Bar Kosba



No século II d. C., o Judaísmo palestinense fez a última tentativa de afastar o julgo romano: a revolta de Bar Kosba.
Adriano mandou construir um templo a Júpiter Capitulino sobre as ruínas do Templo de Jerusalém. Depois, proibiu a circuncisão, o que provocou uma grande exasperação entre os judeus. O líder dos revolucionários recebeu o título de rabi. Em combate com os romanos, Bar Kosba morreu, com isso se desfez a esperança de que ele traria como Messias, o tempo de salvação. Os acontecimentos infelizes impossibilitaram de ver Bar Kosba como ungido de Deus.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

5. Palestina sob o domínio Romano

Os romanos causaram muita opressão e revolta aos palestinos, e permaneceram como governantes supremos no período do Novo Testamento. Francisco Orofino (2008, p.108) fala que durante o último século a.C. Roma estivera envolvida em situação que causara grandes transformações com revoltas internas, guerras externas, conquistas violentas, em busca do poder e, principalmente, a mudança de governo da República para o primeiro sistema de triunvirato, um sistema de acordo entre Pompeu, Crasso e César chegando ao império. E sob o ponto de vista político de Roma, o tempo de vida de Jesus estava inserido com os dois imperadores: Otaviano Augusto ( 27-14 d.C ) e Tibério (!4-37 d.C).

Cézar

Crassus

Pompeu


LOHSE fala que rei Alexandre Janeu governou durante 27 anos e depois de sua morte, assumiu o poder sua esposa Salomé Alexandra. Para assumir o poder, ela teria que assumir a posição de rainha e a função do sacerdócio. Como as mulheres não podiam assumir as funções de sumo sacerdócio, foi obrigada a transferir para o seu filho mais velho Hircano II. A rainha e Hircano se aliaram aos fariseus. Salomé governou 9 anos. Depois de sua morte, seu filho mais novo, Aristóbulo II, simpatizante dos saduceus, entrou na disputa pela sucessão. Essa briga se transformou num conflito armado em que Aristóbulo saiu vencedor, mas o poder superior de Roma interferiu e Pompeu apoiou Hircano II e Aristóbulo foi levado preso para Roma juntamente com seus dois filhos.
Segundo Horsley (2007, p. 34, 43-44) , quando o general romano Pompeu assumiu o controle da Palestina em 63 a.C, o objetivo maior daquela operação não era apenas uma conquista militar, mas na verdade era concretizar a dominação de uma das facções asmonéias existentes em Jerusalém, considerada a mais inflexível porque ela resistia a todas as tentativas de acordo. Cercou Jerusalém, dominou a cidade e tomou o templo, massacrou os sacerdotes que estavam ministrando e entrou no Santos dos Santos. Isso para os judeus foi um sacrilégio que jamais poderiam esquecer. Nesta mesma oportunidade os romanos libertaram e restauraram as cidades helenísticas e outras áreas da Palestina que tinham sido conquistadas e judaizadas pelos asmoneus. Os territórios judeus da Galiléia, Peréia, Iduméia, Judéia foram submetidos a altos tributos.
De acordo com Paull Lawrence,  a guerra civil foi marcada por uma rivalidade entre os membros do triunvirato. Em 53 a.C, Crasso foi morto, César conquistou a Gália em 49 a.C e tornou-se o homem mais poderoso de Roma. Pompeu, insatisfeito com isso, rompeu a aliança do triunvirato e juntou-se ao senado, declarando César como inimigo de Roma, o qual respondeu com uma guerra civil. Com seu exército perseguiu Pompeu, que fugiu para o Egito e lá foi assassinado. César elegeu Cleópatra rainha do Egito. Na sua gestão, trocou todos os participantes do senado colocando pessoas de sua confiança.
O triunfo de César durou pouco, pois ele foi assassinado em 44 a.C. com 28 punhaladas, uma delas pelo filho adotivo Bruto, e por um grupo de Senadores; por ironia do destino, caiu aos pés da estátua de Pompeu. A morte de César deu início a um novo capítulo da guerra civil; desta vez entre Marco Antônio, Cleópatra, rainha do Egito, e Otaviano. Com a vitória de Otaviano, o Egito tornou-se uma província romana em 30 a.C; Otaviano voltou a Roma, fechou o templo de Janus, sinalizando que o mundo estava em paz - a chamada Pax Romana. Em 27 a.C, ele recebeu do senado o título de Augusto tornando-se o primeiro imperador romano. Quando Jesus nasceu, quase toda a costa do Mediterrâneo estava sob o domínio romano.
Em sua narrativa, LOHSE (200, p.32) diz que Herodes pediu ajuda aos romanos e foi nomeado rei dos judeus. É bom lembrar que este título foi dado por Roma, mas nunca foi aceito pelos judeus. Ele adquiriu a graça de Otaviano Augusto, eliminou os adversários do seu governo e estava sempre alerto a tudo que ameaçava seu poder; qualquer um que tornasse perigo para ele era assassinado. Temendo os asmoneus, mandou matar a esposa, o cunhado e os filhos; bem como o seu primogênito “Antípatro”, como traidor, referindo à proibição da lei judaica.
Herodes fez tudo para ser simpático aos judeus. Considerava gregos e judeus como iguais, e se adequava a cada um. Reuniu ao redor de si um círculo de helenistas cultos; fez vários benefícios públicos visando garantir o seu domínio; ampliou e reformou o Templo, a Fortaleza de Antonia (residência de segurança das autoridades romanas); fez um embelezamento e melhorias em Jerusalém e Jericó e em várias outras cidades. Mas tudo isso teve um preço alto e amargo para o povo: Preço de sangue, violência, opressão e miséria.
Brawn (2004, p.123) ressalta a desconfiança de Herodes em relação a seus rivais, que  era tão grande a ponto de ele ter mandado construir impenetráveis fortalezas, com objetivos específicos, inclusive a Fortaleza de Maqueronte na Transjordânia, na qual João Batista foi assassinado mais tarde, além de outros assassinatos, inclusive de alguns de seus filhos. A brutal crueldade de Herodes, considerada uma insanidade, é que fez surgir a narrativa de Mateus acerca do massacre de todas as crianças do sexo masculino até dois anos de idade em Belém, como parte de seu desejo de matar JESUS (considerado uma ameaça).
Os últimos anos de Herodes, de acordo com Otzen (2003, p.55), foram cheios de contendas com os filhos de seus vários casamentos, inclusive tentou executar os três, mas depois resolveu mudar o testamento ficando assim dividido: Parte central da Palestina (Iduméia, Judéia e Samaria) foi para Herodes Arquelau; A Galiléia e a Peréia, para Herodes Antipas; A parte norte do território ao leste do Jordão ficou com Filipe. Foi no reino de Herodes Antipas que João Batista (Peréia) e Jesus de Nazaré (Galiléia) atuaram publicamente e Herodes Antipas foi o responsável pela morte de João Batista.
Brawn (2004, p.125) ainda ressalta que o governo de Arquelau foi o pior. Ele despertou o ódio de seus subjugados a ponto de enviarem uma delegação ao imperador, o qual mandou destitui-lo do cargo e exilar na Gália. Daí o seu território passou a ser uma província imperial da Judéia. Quirino, embaixador romano da Síria, aproveitando esta oportunidade, realizou um censo com o objetivo de coletar impostos como controle romano. Nesta época Pôncio Pilatos exercia o cargo de procurador que controlava Jerusalém e a Judéia, onde Jesus passou seus últimos dias e foi crucificado em (26-36 d.C.). Sua administração foi definida como corrupta, violenta, cruel, com várias execuções sem processo. Tudo isso porque um procurador era um funcionário remunerado, representante diretamente do imperador e tinha poderes civis, militares e jurídicos, portanto, podia mandar e desmandar.













4. A monarquia dos asmoneus


Os Asmoneus foram uma família judia que governou o país dos judeus, descendentes de Hashmon. São mais conhecidos como Macabeus. O nome de Asmoneus aplicaram-no os romanos à família de Herodes, o grande, porque vai emparentar com eles pela sua mulher Mariamne, mas se preferível, denominada Herodias.
João Hírcano empreendeu campanhas militares nas regiões vizinhas à Judeia, porém, não as realizou com o exército popular, mas com o de mercenários. No ano 128 a.C. foi destruído o templo do monte Gerizim. A Iduméia sofreu um ataque pelo qual seus habitantes se converteram ao judaísmo e seu país foi submetido ao domínio judeu. Uma campanha contra a cidade de Samaria também terminou com sucesso. A cidade helenizada foi conquistada em 107 a.C. e destruída. Hírcano, mesmo assim não encontrava aceitação junto ao povo e aos piedosos. (LHOSE, 2004, p.25)
Dos grupos de judeus fiéis à Lei nasce a comunidade dos fariseus. Originalmente simpatizantes dos asmoneus, mais tarde, distanciando-se. Hírcano não procurou o apoio dos fariseus, mas dos saduceus, mais abertos ao helenismo. Após sua morte, seu filho Aristóbulo usurpou a regência e colocou a mãe e os irmãos na prisão, se comportando como os reis de pequenos Estados. Foi o primeiro governante a atribuir-se o título de rei. Continuou as campanhas militares e obteve sucesso na Galiléia; a população das regiões conquistadas foi obrigada a circuncidar-se. A religião objetivava a submissão do povo ao rei.
Após sua morte, sua esposa libertou sua família da prisão, casou-se com Jônatas, que assumiu nome grego Janeu e o trono. Este realizou muitas guerras, a maioria delas com êxito. Conquistou a região da costa do Mediterrâneo, se impôs no conflito do crescente reino dos nabateus, reunificou um território como o tamanho de Israel e Judá no tempo de Salomão. Mas seu reino não estava bem construído, pois o domínio dos asmoneus não era apoiado por consenso do povo. Os habitantes das regiões conquistadas se revoltavam constantemente. Os fariseus e seus partidários eram oprimidos. A tensão aumentou a ponto de Janeu ter levado 800 participantes de uma rebelião para Jerusalém, onde os crucificou. Pena essa que nunca tinha sido praticada em Israel, o que provocou medo no povo e contínua rejeição popular, segundo Lhose (p.26).
Com sua morte, sua esposa, Salomé Alexandra, assumiu o governo e por nove anos dirigiu com cautela e sabedoria o povo, procurando a pacificação interna do país. Ela fez acordo com os fariseus; Escribas da comunidade farisaica tornaram-se membros do Sinédrio; Hírcano II foi nomeado sumo sacerdote. Os saduceus se viam prejudicados e se juntaram a Aristóbulo II, que estava insatisfeito com o governo de sua mãe.
Morre Salomé. Hírcano II e Aristóbulo passam a disputar o trono, disputa vencida por Aristóbulo (substituto ilegítimo). Antípatro se põe ao lado de Hírcano II e consegue o apoio do rei nabateu Aretas, os quais marcham contra Jerusalém. No entanto, o poder de Roma se interpôs e a partir daí determinou o destino da Palestina e do Oriente Próximo. Dissolveu-se o reino dos selêucidas, incorporando-se ao Império Romano como província “Síria”, o que resultou no fim da monarquia dos asmoneus. (LHOSE, 2004, p.28-29)

3. A Palestina sob domínio sírio e a luta dos macabeus pela libertação



Após a morte de Alexandre Magno, seu império foi dividido e Ptolomeu (Egito) conseguiu o domínio da Palestina. No período por volta dos anos 200 a.C. os selêucidas da Síria assumiram o poder na Palestina. Antíoco III (223-187 a.C.) tirou a Palestina das mãos dos egípcios.
Os judeus notaram que os sírios estavam com vantagens, e ainda durante a luta, se posicionaram a seu favor (LHOSE, 2004, p.18), o que lhe rendeu, segundo Otzen (2003, p.28) uma tentativa por parte de Antíoco III de ganhar a simpatia dos judeus com benevolência, livrando-os dos impostos por um período de três anos. Isso para “pagar” pela restauração do que tinha sido destruído durante a guerra.
Lhose (2204, p. 19) ressalta que até os gastos com o culto do Templo passaram a serem pagos pelos cofres do Estado (privilégios), o que Brown (2002, p. 121) chama de subsídio. Otzen (2003, p29) fala da permanente isenção de impostos dos sacerdotes e administradores de alto escalão. A intenção dos selêucidas era unificar os diversos povos do seu reino estabelecendo a cultura helenística. Isso contribuiu para que aquela harmonia não durasse tanto.
Em 190 a.C. os romanos começam a se aproximar. Otzen coloca a vitória dos romanos sobre os selêucidas como porta de entrada na Ásia, quando estes atravessaram o estreito de Bósforo e começaram as suas conquistas. Essa vitória fez com que os romanos cobrassem altos impostos dos selêucidas, produzindo uma alta carência síria de dinheiro. Segundo Brown (2002, p. 121) o tesouro do Templo de Jerusalém foi saqueado no governo de Seleuco IV (187 – 175 a.C.), filho de Antíoco.
Em 175 a.C. Antíoco IV assumiu o governo da Síria. Este, segundo Brown (p. 121), continuou sistematicamente a obter unidade entre seus subjugados por meio da imposição da cultura e religião gregas. A ambição dos sacerdotes, que ele mudava constantemen
te, servia a seus propósitos. Neste período ocorre o golpe de Jasão (nome helenizado de Jesua) sobre seu irmão Onias, que era sumo sacerdote em Jerusalém. Embora continuasse com o culto no Templo em Jerusalém, promoveu a helenização, aumentou os impostos (o sistema tributário continuava drenando os recursos das aldeias, de acordo com Orofino, p.101); Jasão também construiu ginásios, estimulando a prática do esporte, o que ocasionou, entre os judeus, a vergonha da circuncisão e até as cirurgias reversivas. Três anos depois, Menelau, com mais dinheiro, o substituiu. O cargo de sacerdote, segundo Lhose (2004, p.20) se tornara objeto de cobiça e política.



Posteriormente, os romanos tornaram-se partidários dos Ptolomeus (Egito) contra Antíoco, que inicia guerra contra o Egito, mas é interrompido pelos romanos. Menelau não se opôs quando, em 169 a.C., Antíoco quis encher seus cofres vazios por causa das guerras, saqueando o Templo de Jerusalém. Brown ressalta que Antíoco massacrou a população, erigiu uma estátua a Zeus no altar do holocausto do templo – “a abominação da desolação” de Daniel, e instalou uma guarnição permanente em uma fortaleza (Acra), na cidade.
Aos poucos os judeus foram perdendo a autonomia conquistada com Antíoco III. Isso em decorrências das tensões vividas dentro da população judaica , o que resultou, segundo Otzen (p.29) na condição de uma guerra civil virtual em 170 a.C. As contradições eram as seguintes: amplos círculos da sociedade judaica estavam abertos à helenização, até o clero de Jersusalém, ao passo que os judeus mais conservadores consideravam o helenismo um problema vital para o judaísmo. Havia um partido selêucida e um ptolomaico; a população rural preservou mais firmemente a tradição de fé dos antepassados do que os cidadãos da cidade, que eram mais abertos à helenização.
Lhose coloca que a nova ordem visava a transformação de Jerusalém em uma nova pólis grega - governada por príncipes democráticos e livre do poder sacerdotal (p.21).
Em 167 a.C. irrompeu-se a revolta macabaica, liderada por Matatias, um sacerdote que não se submeteu ao oferecimento do sacrifício pagão e iniciou uma revolta, substituído por seu filho Judas – o macabeu, que tornou-se guerreiro hábil que começou a atacar os sírios, que contra-atacaram. Judas venceu o sírio Lísias, marchou para Jerusalém e ocupou o santuário profanado e restaurou a veneração ao Deus de Israel. Em 164 a.C. o altar foi consagrado novamente.
Os Sírios, de acordo com Lhose (2004, p.22) ocupavam a fortaleza de Jerusalém. Em um dos ataques, o grupo de Judas foi derrotado e, posteriormente, sua ajuda veio por intermédio das lutas pelo trono sírio. Para agir livremente, Lísias fez um acordo com os judeus: permitiu-lhes praticar sua religião sem obstáculos, em troca do reconhecimento sírio. Os rebeldes alcançaram seus objetivos, mas ainda era preciso controlar o cargo de sumo-sacerdote. Isso só foi conseguido através de Jônatas (Otzen, p.39), que aliou-se aos romanos e consegui. Essa foi uma vitória dos macabeus contra os helenistas.

Moeda do período de Antíoco


Simão macabeu, o últimos dos irmãos conseguiu expulsar as tropas sírias da Acra em 142 a.C., conseguiu a isenção fiscal e colocou-se como novo “príncipe do povo judeu”. Assim, de acordo com Otzen, a sociedade judaica tornou-se um principado. Simão conseguiu combinar a hegemonia secular com o cargo de sumo sacerdote. Neste período a posição dos selêucidas era muito fraca. Há uma situação pacífica que, segundo Lhose (2004, p.24) é compreendida como o cumprimento de uma promessa profética.

2. A Palestina sob o governo de Alexandre Magno e do Egito

Eduard Lohse (2004) destaca a Batalha de Isso, que ocorreu em 333 a.C., próxima à cidade de Isso, na Ásia Menor, na qual o rei da Macedônia, Alexandre Magno, conquistou todo Império persa desde o Egito até a Índia. Essa batalha funcionou como uma abertura para o Egito através da Síria e da Palestina. Ao rápido avanço do exército macedônico, caíram Tiro e Gaza, possibilitando a Alexandre marchar pela costa do mar mediterrâneo para o Egito. Benedikt Otzen (2003) diz que Alexandre Magno conquistou com extrema rapidez todo o império persa, fato que serviu como base para o encontro entre Ocidente e Oriente, gerando assim um desenvolvimento cultural e religioso de todo Oriente Médio, inclusive desenvolvimento dos judeus.
A comunidade de Jerusalém e a liberdade do culto.

A comunidade de Jerusalém continuava praticando o culto livremente; no entanto, a entrada dos gregos em todo o país provocou uma transformação profunda. Os povos do Oriente próximo foram completamente absorvidos pelo helenismo. Fundaram-se colônias e cidades gregas. Os gregos também se estabeleceram nas cidades. Muitas delas receberam, além de nome, direito municipal grego. Os judeus da comunidade de Jerusalém podiam manter seu culto livremente, mas ainda assim ficavam admirados pela capacidade militar dos gregos.
Os gregos e a imposição da língua
Heimut Koster (2005) mostra que os habitantes da Palestina viviam na vizinhança de gregos que impuseram sua língua como língua comum. Construíram-se teatros, termas, ginásios; costumes foram assimilados, a arte médica, e a dialética. Os deuses cultuais nessas cidades eram divindades orientais com nomes gregos, Astartes como Afrodite, ou deuses gregos como Dionizio em Citópolis, cujas moedas trazem o nome. Lohse diz que o domínio grego no mundo judeu não mudou em quase nada a condição jurídica, mas mudou um pouco a questão cultural. O grego se torna uma língua obrigatória. Juntamente com a língua, chega a civilização helênica.
Logo após a morte de Alexandre Magno, o império entra em convulsão política. Em 323 a.C. morre Alexandre Magno . Quebrou-se a unidade do reino. Antígono conseguiu conquistar para si o antigo reino persa, os demais governadores antigos de Alexandre o invejaram e se dirigiram contra ele, o que fez com que Ptolomeu conseguisse recuperar a posse da Palestina e sul da Síria. Passaram-se aproximadamente cem anos sem problemas geopolíticos, e a Palestina, mais uma vez, estava sob o domínio do Egito, agora estado helenístico. Com a morte de Alexandre, aos 33 anos, o vasto império rapidamente entrou em convulsões políticas e perde-se a unidade do império. O governador Ptolomeu, com residência no Egito, ordenou a ocupação da Palestina e a colocou primeiro sob seu domínio. Mais uma vez a Palestina se encontrava nas mãos do Egito. Os Ptolomeus também não interferiram nos assuntos internos da comunidade cultual de Jerusalém. Quem dirigia o povo judeu era o sacerdote, que ordenava e administrava os interesses judaicos, como a aprovação do soberano helenístico. Ao seu lado no sinédrio estavam sacerdotes, anciãos, chefes de famílias influentes em Jerusalém – a suprema corte judaica, que se reunia sob a presidência do sumo sacerdote, a fim de tratar de todos os assuntos profanos e espirituais concernentes a toda a população judaica. Otzen nos mostra que os judeus em muitos aspectos eram auto governantes; pois eles haviam recebido o direito de “viver de acordo com as leis dos pais”. Devido à cautela e sabedoria dos sacerdotes como líderes, a comunidade judaica às vezes conseguia ter consideráveis concessões de seus governantes estrangeiros.
Depois da metade do século, o poder do sumo sacerdote diminuiu bastante, sendo este o intermediário entre os judeus e os administradores egípcios, com isto houve um período de mudanças na estrutura social do país. Começa então a surgir um novo governo dominante, tratava-se de uma aristocracia que havia enriquecido rapidamente, muitos dos quais tinham apenas uma pequena ligação com a tradição e cultura judaica.

1. A Palestina sob o domínio Persa


Analisando a história dos judeus, podemos perceber que este povo esteve sob o domínio de grandes impérios por um longo período. Alguns usavam da violência para tentar determinar o modo de vida deste povo. Com isto, a Palestina e seus habitantes sofreram influências destas potências em sua história.
Na verdade, a história do judaísmo começa no tempo do exílio babilônico. No período em que os judeus permaneceram na Babilônia puderam ficar juntos e assim conservar a sua fé no Deus de Israel. Todavia, por não poderem dar continuidade ao culto do Templo, pois este havia sido destruído e eles estavam em outra terra distante de Jerusalém, os judeus permaneceram fiéis à Lei de Deus. O que implicava no mandamento de guardarem o sábado e a circuncisão como sinais pelos quais Israel se tornava, continuamente, consciente de sua eleição entre todos os povos.
No ano de 539 a. C., o rei persa Ciro, com ataques violentos, entra como vencedor na Babilônia, tornando-se soberano na Mesopotâmia, Síria e Palestina. Entretanto, os persas tinham um grande diferencial em sua conquista, pois não forçaram mudanças populacionais nem exigiram o reconhecimento de uma única religião de Estado para todos. Ligaram a sua política a situação local, procurando conquistar o povo para si, admitindo a vida tradicional deles. Para as comunicações oficiais, os persas não se serviam da língua própria, mas do aramaico, amplamente difundido na Síria e na Palestina. No âmbito espiritual, o rei Ciro editou um decreto que dispunha a reconstrução da “Casa de Deus” em Jerusalém e sobre a devolução de seus instrumentos cultuais.
Durante o quinto século havia um considerável crescimento populacional dos judeus em Jerusalém. Com isso surgiu certa desordem na sociedade. O Grande Rei envia Esdras e Neemias para Jerusalém para reorganizarem a situação. Neemias se incumbiu com a questão da restauração política, tendo por missão reconstruir os muros de Jerusalém. Esdras por sua vez tem a missão de reestabelecer à tradição religiosa.


Ciro, rei da Pérsia


Contudo, podemos perceber que o domínio persa foi bastante pacífico, dando liberdade aos judeus de continuarem a sua tradição. No entanto o governo persa exigia somente que os judeus fossem fiéis aos impostos cobrados por ele. Havendo uma relação de troca, em consequência da liberdade que tinham os judeus, os persas lhes cobravam exagerados impostos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O famigerado Helenismo

Pensar em Helenismo é aludir ao resultado mais importante do trabalho de Alexandre Magno, o grande. Além de ser um período extremamente extenso e diverso em vários sentidos, é um período marcado por interações político-culturais entre judeus e gregos, de acordo com Chevitarese1.
No que tange à localização temporal, pode-se considerar como marcos do Helenismo a morte de Alexandre, o grande, em 323 a.C., e a morte de Cleoópatra, em 30 a.C. No entanto, as conquistas de Alexandre e sua chegada ao Oriente (333 a 323 a.C.) são pontos marcantes para se compreender todo o processo.

Após a morte prematura de Alexandre, aos 33 anos, há uma sucessão de guerras pela disputa do trono entre seus generais (323-301 a.C.). Lohse2 aborda a convulsão política na qual entrou o império. Quebrou-se a unidade do reino. Ptolomeu (Egito) ordenou a ocupação da Palestina e colocou-a sob seu domínio. Mas Antígono (Síria) o tomou de Ptolomeu em 315 a.C. Antígono conseguiu conquistar para si o antigo reino persa; os demais governadores antigos de Alexandre o invejaram e se dirigiram contra ele, o que fez com que Ptolomeu conseguisse recuperar a posse da Palestina e sul da Síria.
O império de Alexandre foi dividido em vários reinos, cujos governantes, descendentes de gregos e macedônios, adotaram os costumes das monarquias orientais; abriram-se novas rotas de comércio, ampliando a circulação de produtos de luxo e especiarias, que se difundiram no Ocidente. Cidades como Alexandria, Pérgamo e Antioquia transformaram-se em centros produtores de tecidos, cerâmica, metalurgia e construção naval.
As transformações foram importantes: a cultura grega fundiu-se com as orientais – egípcia, persa, babilônica, originando a cultura helenística, que, de acordo com Chevitarese, não se limitou apenas a ser essa fusão de culturas, mas sobretudo, uma extensão de forças culturais em um mundo civilizado, definido em grande parte, mas não somente, pelas conquistas de Alexandre, o que ocasionou o encontro de inúmeras culturas, entre elas a judaica.




1. André Leonardo Chevitarese, professor adjunto do Laboratório de História Antiga do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em seu artigo Fronteiras Culturais no Mediterrâneo Antigo: gregos e judeus nos períodos arcaico, clássico e helenístico, disponível em http://www.uesb.br/politeia/v4/artigo_01.pdf, acessado em 21/08/2010.

2. LOHSE, Eduard. A história política do judaísmo no tempo do helenismo. In:______. Contexto e ambiente do Novo Testamento [Trad.: Hans Jörge Witter]. – São Paulo: Paulinas, 2000. – (Coleção: Bíblia e História), p.17.