terça-feira, 24 de agosto de 2010

O famigerado Helenismo

Pensar em Helenismo é aludir ao resultado mais importante do trabalho de Alexandre Magno, o grande. Além de ser um período extremamente extenso e diverso em vários sentidos, é um período marcado por interações político-culturais entre judeus e gregos, de acordo com Chevitarese1.
No que tange à localização temporal, pode-se considerar como marcos do Helenismo a morte de Alexandre, o grande, em 323 a.C., e a morte de Cleoópatra, em 30 a.C. No entanto, as conquistas de Alexandre e sua chegada ao Oriente (333 a 323 a.C.) são pontos marcantes para se compreender todo o processo.

Após a morte prematura de Alexandre, aos 33 anos, há uma sucessão de guerras pela disputa do trono entre seus generais (323-301 a.C.). Lohse2 aborda a convulsão política na qual entrou o império. Quebrou-se a unidade do reino. Ptolomeu (Egito) ordenou a ocupação da Palestina e colocou-a sob seu domínio. Mas Antígono (Síria) o tomou de Ptolomeu em 315 a.C. Antígono conseguiu conquistar para si o antigo reino persa; os demais governadores antigos de Alexandre o invejaram e se dirigiram contra ele, o que fez com que Ptolomeu conseguisse recuperar a posse da Palestina e sul da Síria.
O império de Alexandre foi dividido em vários reinos, cujos governantes, descendentes de gregos e macedônios, adotaram os costumes das monarquias orientais; abriram-se novas rotas de comércio, ampliando a circulação de produtos de luxo e especiarias, que se difundiram no Ocidente. Cidades como Alexandria, Pérgamo e Antioquia transformaram-se em centros produtores de tecidos, cerâmica, metalurgia e construção naval.
As transformações foram importantes: a cultura grega fundiu-se com as orientais – egípcia, persa, babilônica, originando a cultura helenística, que, de acordo com Chevitarese, não se limitou apenas a ser essa fusão de culturas, mas sobretudo, uma extensão de forças culturais em um mundo civilizado, definido em grande parte, mas não somente, pelas conquistas de Alexandre, o que ocasionou o encontro de inúmeras culturas, entre elas a judaica.




1. André Leonardo Chevitarese, professor adjunto do Laboratório de História Antiga do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em seu artigo Fronteiras Culturais no Mediterrâneo Antigo: gregos e judeus nos períodos arcaico, clássico e helenístico, disponível em http://www.uesb.br/politeia/v4/artigo_01.pdf, acessado em 21/08/2010.

2. LOHSE, Eduard. A história política do judaísmo no tempo do helenismo. In:______. Contexto e ambiente do Novo Testamento [Trad.: Hans Jörge Witter]. – São Paulo: Paulinas, 2000. – (Coleção: Bíblia e História), p.17.