terça-feira, 26 de outubro de 2010

3. A Palestina sob domínio sírio e a luta dos macabeus pela libertação



Após a morte de Alexandre Magno, seu império foi dividido e Ptolomeu (Egito) conseguiu o domínio da Palestina. No período por volta dos anos 200 a.C. os selêucidas da Síria assumiram o poder na Palestina. Antíoco III (223-187 a.C.) tirou a Palestina das mãos dos egípcios.
Os judeus notaram que os sírios estavam com vantagens, e ainda durante a luta, se posicionaram a seu favor (LHOSE, 2004, p.18), o que lhe rendeu, segundo Otzen (2003, p.28) uma tentativa por parte de Antíoco III de ganhar a simpatia dos judeus com benevolência, livrando-os dos impostos por um período de três anos. Isso para “pagar” pela restauração do que tinha sido destruído durante a guerra.
Lhose (2204, p. 19) ressalta que até os gastos com o culto do Templo passaram a serem pagos pelos cofres do Estado (privilégios), o que Brown (2002, p. 121) chama de subsídio. Otzen (2003, p29) fala da permanente isenção de impostos dos sacerdotes e administradores de alto escalão. A intenção dos selêucidas era unificar os diversos povos do seu reino estabelecendo a cultura helenística. Isso contribuiu para que aquela harmonia não durasse tanto.
Em 190 a.C. os romanos começam a se aproximar. Otzen coloca a vitória dos romanos sobre os selêucidas como porta de entrada na Ásia, quando estes atravessaram o estreito de Bósforo e começaram as suas conquistas. Essa vitória fez com que os romanos cobrassem altos impostos dos selêucidas, produzindo uma alta carência síria de dinheiro. Segundo Brown (2002, p. 121) o tesouro do Templo de Jerusalém foi saqueado no governo de Seleuco IV (187 – 175 a.C.), filho de Antíoco.
Em 175 a.C. Antíoco IV assumiu o governo da Síria. Este, segundo Brown (p. 121), continuou sistematicamente a obter unidade entre seus subjugados por meio da imposição da cultura e religião gregas. A ambição dos sacerdotes, que ele mudava constantemen
te, servia a seus propósitos. Neste período ocorre o golpe de Jasão (nome helenizado de Jesua) sobre seu irmão Onias, que era sumo sacerdote em Jerusalém. Embora continuasse com o culto no Templo em Jerusalém, promoveu a helenização, aumentou os impostos (o sistema tributário continuava drenando os recursos das aldeias, de acordo com Orofino, p.101); Jasão também construiu ginásios, estimulando a prática do esporte, o que ocasionou, entre os judeus, a vergonha da circuncisão e até as cirurgias reversivas. Três anos depois, Menelau, com mais dinheiro, o substituiu. O cargo de sacerdote, segundo Lhose (2004, p.20) se tornara objeto de cobiça e política.



Posteriormente, os romanos tornaram-se partidários dos Ptolomeus (Egito) contra Antíoco, que inicia guerra contra o Egito, mas é interrompido pelos romanos. Menelau não se opôs quando, em 169 a.C., Antíoco quis encher seus cofres vazios por causa das guerras, saqueando o Templo de Jerusalém. Brown ressalta que Antíoco massacrou a população, erigiu uma estátua a Zeus no altar do holocausto do templo – “a abominação da desolação” de Daniel, e instalou uma guarnição permanente em uma fortaleza (Acra), na cidade.
Aos poucos os judeus foram perdendo a autonomia conquistada com Antíoco III. Isso em decorrências das tensões vividas dentro da população judaica , o que resultou, segundo Otzen (p.29) na condição de uma guerra civil virtual em 170 a.C. As contradições eram as seguintes: amplos círculos da sociedade judaica estavam abertos à helenização, até o clero de Jersusalém, ao passo que os judeus mais conservadores consideravam o helenismo um problema vital para o judaísmo. Havia um partido selêucida e um ptolomaico; a população rural preservou mais firmemente a tradição de fé dos antepassados do que os cidadãos da cidade, que eram mais abertos à helenização.
Lhose coloca que a nova ordem visava a transformação de Jerusalém em uma nova pólis grega - governada por príncipes democráticos e livre do poder sacerdotal (p.21).
Em 167 a.C. irrompeu-se a revolta macabaica, liderada por Matatias, um sacerdote que não se submeteu ao oferecimento do sacrifício pagão e iniciou uma revolta, substituído por seu filho Judas – o macabeu, que tornou-se guerreiro hábil que começou a atacar os sírios, que contra-atacaram. Judas venceu o sírio Lísias, marchou para Jerusalém e ocupou o santuário profanado e restaurou a veneração ao Deus de Israel. Em 164 a.C. o altar foi consagrado novamente.
Os Sírios, de acordo com Lhose (2004, p.22) ocupavam a fortaleza de Jerusalém. Em um dos ataques, o grupo de Judas foi derrotado e, posteriormente, sua ajuda veio por intermédio das lutas pelo trono sírio. Para agir livremente, Lísias fez um acordo com os judeus: permitiu-lhes praticar sua religião sem obstáculos, em troca do reconhecimento sírio. Os rebeldes alcançaram seus objetivos, mas ainda era preciso controlar o cargo de sumo-sacerdote. Isso só foi conseguido através de Jônatas (Otzen, p.39), que aliou-se aos romanos e consegui. Essa foi uma vitória dos macabeus contra os helenistas.

Moeda do período de Antíoco


Simão macabeu, o últimos dos irmãos conseguiu expulsar as tropas sírias da Acra em 142 a.C., conseguiu a isenção fiscal e colocou-se como novo “príncipe do povo judeu”. Assim, de acordo com Otzen, a sociedade judaica tornou-se um principado. Simão conseguiu combinar a hegemonia secular com o cargo de sumo sacerdote. Neste período a posição dos selêucidas era muito fraca. Há uma situação pacífica que, segundo Lhose (2004, p.24) é compreendida como o cumprimento de uma promessa profética.

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